[Resenha] Eu Sei O Que Você Está Pensando - John Verdon

     Não é sempre que um livro te prende daquele jeito. Aquele livro que te assombra, o tipo de leitura que, quando você abandona na mesa, as páginas restantes parecem te chamar, e chamar... E quando termina de ler você pensa "pronto, o que eu vou ler agora?". Assim foi com o livro Eu Sei O Que Você Está Pensando, cortesia da nossa parceira Editora Arqueiro.



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Título: Eu Sei O Que Você Está Pensando
Autor: John Verdon
Editora: Arqueiro
340 páginas
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     Não é fácil ser um detetive aposentado, especialmente para David Gurney, cuja mente era incapaz de se desconectar do velho desejo em envolver-se nos intrincados casos que tanto frustravam a polícia. Quando sua vida parecia estar entrando na normalidade - morando numa zona rural e dedicando-se aos afazeres caseiros ao lado da esposa Madeleine - a presença inesperada de um antigo colega de faculdade deu pulso à veia investigativa do nosso herói.
     Mark Mellery, o antigo colega, apresenta ao detetive um caso curioso, e igualmente assustador. Mellery recebera uma carta de ares misteriosos, em que o remente é capaz de descobrir o número em que seu destinatário estava pensando.
     Quando o superdetetive - assim apelidado pela mídia durante a resolução de tantos crimes - se embrenha nesse jogo, ele descobre charadas cada vez mais sombrias e assustadoramente cerebrais. Diante de um oponente à altura, Gurney não vê outra alternativa além de ajudar o antigo colega. Depois de um assassinato, fica mais do que claro que o detetive não está lidando com um simples amador. Pegadas na areia, uma cadeira, uma garrafa quebrada, poemas hostis e pescoços mutilados. Uma vez formado o padrão, as coisas nesse caso não serão a mesma coisa.

     Narrado em terceira pessoa, Eu Sei o Que Você Está Pensando nos apresenta um protagonista genial com uma personalidade sofisticada, o detetive David Gurney. Trata-se de um sujeito boa-praça, cheio de ideias demais na cabeça, a maioria delas voltada para o passado, mas com uma mente viciada em um bom caso criminal. A narrativa de John Verdon nessa obra - a primeira do autor que leio - tem um refinamento que não chega a ser notável, mas está bem acima das narrações que tenho lido nos últimos dias. Com trechos muito mais do que meramente descritivos, o autor aborda o perfil de um psicopata, suas limitações e suas fraquezas, narrando de um jeito único, como se pudesse ler ou, pelo menos, prever os sentimentos de um sujeito com psicopatia.
     Se você já ouviu Tempest, de Beethoven, então tem uma ideia de como será o ritmo da sua leitura. Em nenhum momento ela é enfadonha, mas em alguns pontos ela segue num clima de calmaria. Fazendo comparação com a composição de Beethoven, seria aquele momento em que o piano é dedilhado de forma suave e, no instante seguinte, quando uma nova janela se abre na trama e uma reviravolta acontece, o piano toma outro ritmo, mais rápido e urgente, frenético. Após outra onda de calmaria, no fim da história, o ritmo assume uma velocidade alucinante, e você tem que ser muito rápido pra acompanhar tudo o que está acontecendo. Tiros, sangue, morte, mentiras e descobertas em cima da hora! A forma como David gurney liga os pontos ao longo da trama também me agradou bastante. Claro, não foi extraordinária, algumas coisas são inclusive bem dedutíveis e o autor poderia ter trabalhado melhor para tornar menos óbvio alguns mistérios da investigação, mas a leitura não perde pontos por isso.
     A história tem sua originalidade bem marcada, mesmo com alguns elementos comuns a outras histórias de suspense. O diferencial foi a relação entre Gurney e sua esposa Madeleine. São duas pessoas bem diferentes, com prioridades divergentes, mas Madeleine tem um sentido muito aguçado para investigação e ela se torna uma ferramenta de grande ajuda durante o caso. Em alguns momentos a esposa é, inclusive, mais útil do aque o próprio detetive! A forma como o autor trabalhou a relação entre eles deu ao livro um ar de romance arrojado. O casamento serviu de plano de fundo para a história, interferindo na narração nos momentos certos e dando mais vida à história, aproximando o leitor da vida pessoal do protagonista.
     Outra coisa que chama atenção é o molde que Verdon usa para criar suas personagens secundárias. Existe uma semelhança entre todos os agentes criminais, um traço no caráter em função da profissão, aquele jeito impaciente, com ímpeto de julgar alguém baseado na primeira impressão ou na reputação, exceto pela parte dos donnuts, que não aparecem na história (=D). Da mesma maneira, o autor sabe introduzir novos personagens no momento certo, removê-los (e quando digo isso, eu quero dizer 'matá-los' mesmo) ou simplesmente mantê-los do outro lado da cortina até segunda ordem.
     A leitura é mais do que recomendada! O final é uma grande reviravolta e, mesmo com alguns elementos previsíveis, é impossível dizer como irá acabar.


Dentre todas as verdades
De que você não se recorda,
Eis as duas mais reais:
Todo ato tem seu preço
E toda cobrança há de vir.
Ligo esta noite para garantir
Que verei você em novembro,
Se não, em dezembro.
Capítulo 11, página 58 

  
     John Verdon entrou na minha lista como um dos escritores em potencial para o favoritismo. Segundo informações da arqueiro, um novo livro do autor está prestes a sair, portanto, podemos esperar leituras excelentes de onde veio essa !
  
     Espero que tenham curtido, e se você já leu e tem sua própria opinião, sinta-se à vontade para dizer o que pensa xD
     Boa leitura a todos, fiquem na Paz!
     

1 inspirações:

  1. Oi, Pedro!!!

    Mais uma vez, preciso parabenizá-lo por uma resenha tão bem escrita!!! Parabéns pelo cuidado com as palavras e ao expressar sua opinião :)


    Nossa, fiquei bem intrigada com o desenrolar dessa história... eu sempre me apego aos romances A La Nicholas Sparks (rs!), mas também curto algo mais Dan Brown...... e é o que esse livro parece ser!


    Vai pra minha lista de futuras leituras!


    Um abração

    Samanta Holtz
    autora de O Pássaro
    www.samantaholtz.blogspot.com

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Base feita por Adália Sá | Editado por Luara Cardoso | Não retire os créditos