Todos a bordo no navio Inspirados! Vamos fazer uma tortuosa viagem pelas águas da Editora Martin Claret e conhecer os perigos do mar na companhia de vosso capitão, este que vos fala, Pedro Almada, o blogueiro dos sete mares! Muwahahahaha!
Jack Sparrow says: Oh, fuckin' shit! |
É, pois é, né...
E é nesse clima de marinheiros aventureiros que vamos mergulhar na história do ilustre escritor norte-americano, Jack London (pseudônimo de John Griffith Chaney), em sua obra intitulada O Lobo dos Mares. Trat-se de uma excepcional expedição cheia de aventuras e tensões vividas em alto-mar, tendo como anfitrião o narrador-personagem Humphrey Van Weyden, um gentleman da alta sociedade americana que, após cair nas mãos do capitão linha-dura Lobo Larsen, se vê obrigado a fazer parte da tripulação, ganhando vinte dólares ao mês, limpando chão e içando velas.
E aí? Vai encarar, ou prefere abandonar o navio? xD
Título: O Lobo do Mar
Autor: Jack London
Editora: Martin Claret
Sinopse: Influenciado pelas ideologias de Marx, Darwin e Nietzsche, Jack London cria, nesta soberba história, a abismal luta entre o bem e o mal. A rigorosa análise psicológica das situações e dos personagens faz com que O Lobo do Mar (1904) transcenda o mero romance de aventuras.
O Lobo do Mar, escrito em 1904, na plenitude da força criativa do autor, tornou-se um clássico do gênero e foi traduzido para QUASE TODAS as línguas.
O Romance narra a história do poderoso e brutal comandante de um navio, Lobo Larsen.
***
Resenha: Humphrey Van Weyden era um gentleman culto e esclarecido, dono do barco "Martinez", embora não soubesse nada sobre velejar ou guiar um navio. Mas era rico e, por isso, tinha a sua disposição tudo e todos para tornar possível uma viagem intercontinental. Mas é claro que nada é mil maravilhas. O primeiro capítulo do livro já nos enche com uma atmosfera tensa e angustiante, pois logo no início a iminência do perigo se aproximava. Martinez avançava sobre uma névoa terrivel. Tamanho era o nevoeiro, nem mesmo o capitão estava seguro de seu percurso. E não era pra menos! Subitamente, eles vêem uma outra escuna vindo de encontro. Havia uma certeza nos olhos do capitão, uma certeza que Van Weyden compreendeu. As duas embarcações iriam se chocar. E foi o que aconteceu. Os cascos se partiram, a água invadiu o convés e Van Weyden se viu devorado pelas águas, jogado no oceano. E foi assim que sua aventura começou.
Ao acordar, van Weyden estava na escuna "Ghost", um barco especializado na caça foqueira. A embarcação era comandada por Lobo Larsen, um capitão cruel que prometia transformar os próximos dias de Humphrey num inferno. O rapaz bem que pediu que o levassem de volta a terra firme, prometeu dinheiro, tudo o que a ambição humana pede. Mas Larsen foi insolúvel. "Para o seu bem, é melhor aceitar trabalhar para mim", foram as palavras do capitão. Que outra opção tinha o pobre gentleman?
Sem outra alternativa, Van Weyden é obrigado a trabalhar, algo que nunca fizera na vida, com o tempo ganhou o apelido de "Hump" (Estúpido). Ele nunca imaginou que, um dia, o inferno viria até ele à remo, trazido pelo vento. Afinal, "Ghost" parecia mesmo um pedaço do Tártaro boiando no meio do oceano. Mas, de tudo o que havia ali - pescadores, caçadores, remadores e Larsen - nada era mais odioso que o cozinheiro, Mugridge. A princípio o homem tratou humphrey muito bem pois sabia que se tratava de um gentleman. Mas desde o dia em que Van Weyden tornou-se apenas um tripulante fraco da escuna, o cozinheiro passou a tratá-lo com deboche e agressividade. Van Weyden odiava hipocrisia! Eu também não gostei desse patife. Passei a minha leitura torcendo 'pro' miserável levar uma surra! Sabe que até que sofre um bocado? - nada como satisfação pessoal xD
A vida no mar tornou Van Weyden um homem mais observador. Em seu mundo de luxo conseguia enxergar o valor do trabalho. Mas ali, na terrível "Ghost", esfregar o chão e carregar sacos do carvão de um lado ao outro ensinou-o a valorizar o trabalho, ver o mundo com outros olhos. Ele sentia na pele, ossos e músculos franzinos como era difícil manter-se de pé naquele trabalho.
Mas suas descobertas estavam só começando. O capitão Lobo Larsen não parecia nada além de um homm autoritário e cruel, com gosto por sangue e violência. Só que Humphrey descobriu que o monstro não era nada disso. Larsen, por trás da grossa casca de pura ignorância e nada de escrúpulo, era um amante da literatura, grande pensador filosófico e, do seu jeito de homem do mar, bastante culto.
A história de Jack London traz uma história extraordinária de duelo entre princípios. Enquanto Van Weyden defendia o direito e a moral e o sentimento e a alma, Lobo Larsen defendia a força, e o único direito era do forte e este deveria conquistá-lo com os pulsos. Esse confronto de ideias acaba criando entre chefe e subordinado uma confusa relação. Suas opiniões, mesmo conflitantes, tornavam-nos os únicos capazes de ter uma conversa inteligente como a que tinham.
A princípio Van Weyden era apenas um brinquedo nas mãos do capitão, um capricho sem importância. Mas com o tempo ganhou espaço na escuna e, da mesma forma, ganhou afeição do mestre de bordo. Mas não se enganem! Larsen jamais se afeiçoaria em alguém como em uma amizade. Era mais como um cientista que simpatiza com a bravura de um rato acuado. Apenas isso.
A cada dia, Humphrey tinha certeza. Só estaria livre quando Larsen estivesse morto. Mas ele ainda era constituído essencialmente por um gentleman que não faria mal a ninguém. No entanto Ghost estava transformando-o num deles. Não demorou e, meses de tempestade e pesca, Van Weyden tornou-se um marujo esforçado, ganhando a simpatia de boa parte da tripulação, desenvolvendo seus conhecimentos médicos e subindo no conceito do chefe durão. Ainda mais interessante, Larsen adorava ver o desejo crescente de "Hump" em matá-lo. esse crescimento deu à Humphrey a chance de ser o vice-capitão da escuna.
Ao longo dos meses Ghost tornou-se palco de conflitos, mutilações e mortes. Van Weyden tentava, a todo custo, manter-se vivo, aumentar suas forças e encontrar um jeito de acabar de uma vez com as crueldades que Larsen submetia seus homens. E "Hump" amadureceu mesmo! Dominou a arte da navegação, aprendeu a se defender e aproveitou até pra dar uma malhada naquele estica e puxa de velas contra o vento.
Johnson, um dos tripulantes que Humphrey estimava, acabou sofrendo a morte nas mãos do cruel Larson. Naquele momento o jovem em transformação percebeu que o capitão jamais iria mudar, nada poderia fazê-lo desistir da pessoa que era e tornar alguém melhor. Suas ambições e visão simplista do mais forte tornavam Larsen um homem intelectualmente perigoso, pois não era apenas culto e sagaz, como também tinha braços fortes o suficiente para quebrar alguns pescoços. Humphrey nunca poderia enfrentá-lo sozinho, ou iria virar omelete. Mas sabia que precisava vencer, custe o que custar. Aliado á paciência e auto-controle, ele insistiu um pouco mais.
Foi em uma das tortuosas caças de focas no mar tempestuoso que surgiu uma embarcação à deriva, tripulada por três homens e uma mulher. O azar também foi a eles, como veio até o jovem humphrey, ao serem resgatados pelo capitão da Ghost. Mas aquele acontecimento estava para mudar completamente os rumos da escuna pesqueira. Van weyden seria o ás.
Entre os tripulantes estava a bela datilógrafa e letrada Miss Maud Brewster, mulher impetuosamente ingênua como Humphrey o era em seus primeiros dias de subordinação a Lobo Larsen. O encontro entre Van Weyden e Miss Brewster vai provocar uma reviravolta na embarcação, e digo isso em todos os sentidos! Nada mais será o mesmo, e isso vale para o senhor, senhor capitão dos infernos!
"Era Miss Brewster um ser etéreo - ondulante como ramo de salgueiro, leve, de movimentos harmoniosos. Não me parecia que andasse - antes deslizava diferente dos mortais. Sua extrema leveza fazia-a mover-se como a graça da pluma, ou como aves de asas silenciosas"
página 136
Quando Miss Maud presenciou os horrores sofridos pelos tripulantes que caíam nas mãos de Larsen, ela percebeu que alguma coisa precisava ser feito para parar aquele monstro dos sete mares. Juntos, Maud e Humphrey se unem secretamente para derrubar o capitão e tentar tirar a tripulação de Ghost daquele infero. Nessa perigosa aliança, eles precisariam ser dissimulados, mentirosos e, acima de tudo, cheios de coragem.
O que eles não esperavam era o nascimento silencioso de um romance que, em breve, seria o primeiro passa para a ruína de Lobo Larsen.
O Lobo do Mar é uma obra escrita com uma tinta mágica, que cola seus olhos na página e não te deixa mais abandonar o livro. Foi esse um dos pontos positivos que vi no trabalho de jack London, pois ele sabe lidar muito bem com a atmosfera de tensão e nervosismo, conduz a leitura de forma intrigante e nunca deixa o ritmo da história cair em monotonia.
Confesso que há muito tempo um livro não me prendia como esse. É aquela vontade angustiante de ler, cheio de esperança, desejando ver Van Weyden livre dos domínios de Larsen. E esse capitão, sujeitinho nojento! Em alguns momentos dá vontade mesmo é de enfiar a mão dentro das páginas e dar uma sova nesse folgado! E isso é legal, sabe? Porque Jack London descobriu o segredo de mexer com as nossas sensações, assim como Lobo fazia com Humphrey.
Uma leitura mais do que recomendada. Não é apenas um clássico. Além de ter uma escrita fácil e envolvente, tem uma história original, faz a gente viajar na escuna Ghost e odiar Larsen tanto quanto qualquer tripulante.
E aí, pessoal? Gostaram? São corajosos o suficiente para viajarem nessa aventura?
É isso, resenha pronta e acabada, espero que gostem xD
Saudações, marujos! Até a próxima!
Fiquem na paz!
Poxa, essa resenha virou o Lobo do Mar 2? Que texto. Muito boa escrita, boa escolha desse trecho tão agradável. Bela história e belos ideais.
ResponderExcluirAAA, que demais! Nunca tinha ouvido falar nesse livro acredita? *o* Parece ser super interessante. haha Agora quero ler EOAIOEAIOEAAIEO
ResponderExcluirParabéns pela ótima resenha, abração .
http://papeldeumlivro.blogspot.com/
Adoreiii a resenha! Parece ser um livro muito Bjus!
ResponderExcluirhttp://palomaviricio.blogspot.com
Nossa parece ser bom esse livro *-*
ResponderExcluirEu já vi, mas nem tenho vontade de ler. '-'
ResponderExcluirMas quem sabe né? haha
Oi Pedro!!
ResponderExcluirGostei bastante da resenha!! Do Jack London só li Caninos Brancos, adorei.
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Adorei a resenha! *-* Esse livro parece ser incrível! :3
ResponderExcluirUm beijo,
Luara - @luuara
http://estantevertical.blogspot.com/
Oi Pedro!
ResponderExcluirÓtima resenha, como sempre... olhei a capa do livro pensei que fosse ser zzzZZ, mesmo com gif do Jack ali haha
Mas sua resenha me deixou curiosa.
Tenha um ótimo domingo
Bjs
Nana - Obsession Valley
Oi Pedro, obrigada por passar no meu blog de novo, fico muito feliz com suas visitas! rs'
ResponderExcluirA questão da música é sempre segredo mesmo porque adoro deixar os outros curiosos rs', mas vou te contar, a música da vez é Video Killed the Radio Star do Buggles, uma das músicas do filme.
Adorei a resenha, o que mais me chama atenção nos clássicos é sempre essa ideia ou politizada ou cheia de moral que os autores sempre colocavam em suas obras, ainda não li esse livro, mas me interessei bastante.
Beijos e até mais.
http://kastmaker.blogspot.com/
Pedro, estava morrendo de medo de que esse fosse um livro meio... meio... monótono, ou enjoativo (tipo Moby Dick). Parabéns por fazer a minha cabeça dura mudar de ideia com apenas uma resenha!
ResponderExcluirAmanhã vou passar por alguns sebos e procurá-lo, for sure!
Vlw pela indicação!
P.S.: Sim, confesso que saber que vai ter romance na história ajuda! hahahahahahah
http://desigusson.wordpress.com
Mas o Van Weyden não é dono do Martínez... É? Não tem isso na tradução que li.
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