A primeira coisa que me lembro quando penso em Bruxos e Bruxas foi o nível de divulgação que a Novo Conceito, editora que o publica aqui no Brasil, fez. Parecia que a página da editora tinha sido hackeada por alguma coisa chamada Nova Ordem, usando o avatar com as iniciais deles, e toda hora postando um trecho de algum tipo de manual de regras dessa ordem. Gente, eu fiquei uma semana completamente curiosa pra saber do que se tratava a Nova Ordem e porque a editora estava fazendo aquilo. Quando finalmente foi revelado que tudo se tratava da divulgação do mais novo livro de James Patterson, que seria publicado pela Novo Conceito, eu acredito que todo mundo que acompanhou a jogada de marketing desejou ter aquele livro na estante. Sem contar que a capa dele é muito, muito bonita. E que a história prometia muito mistério e boas horas passadas lendo aquele livro maravilhoso.
Só que todo esse fascínio acaba bem rápido quando você realmente lê o livro.
Sabe como é, não julgue um livro pela capa. Nem pelo autor consagrado. Nem pela divulgação incrível.
Era impossível alguém ter visto essa decepção chegando.
A história do livro é sobre dois irmãos, Whitford e Wisteria Allgood, que em um dia comum de suas vidas, são arrancados de sua rotina sem nenhuma explicação. Foram funcionários/seguidores da Nova Ordem, um grupo que tomou as rédeas do país e agora o governa, que invadiram a casa dos irmãos Allgood e os prenderam, acusando-os de bruxaria.
Só que Whit e Wisty não fazem ideia do motivo de estarem sendo presos por isso.
Até então, os irmãos Allgood eram adolescentes comuns: emburrados, loucos por música e internet, um pouco irresponsáveis com a escola... mas não tinham nada de bruxos neles dois. Nada. E, agora, eles estavam sendo levados para uma prisão grotesca e cinzenta por pessoas que parecem ter medo deles, mesmo estando em uma posição bem mais favorável. E, além disso, eles estão bem confusos, porque na hora de serem levados de sua casa, quando lhes foi dado o direito de levarem consigo um objeto, seus pais lhe deram... uma baqueta e um diário velho com folhas em branco. Bem animador.
Mas, quando chegam na prisão, eles começam a entender que realmente são bruxos, e a descobrir seus poderes. De uma maneira nada convencional, já que Witsy, por exemplo, só descobre que tem poderes quando fica muito irritada e... solta chamas do corpo todo. Então, durante a sua estadia nada confortável na fortaleza da Nova Ordem, e sendo acusados de bruxaria pelo Único que é o Único - nome do líder da Nova Ordem, olha que criativo - eles começam a aprender que poderes tem, e como usar esses poderes. Também conseguem, assim, fugir na Nova Ordem. E descobrem que precisam salvar os pais, que acabaram sendo presos. E também descobrem que fazem parte de uma profecia cheia de tópicos e que não parece ser muito boa. É uma época bem agitada para os irmãos Allgood.
Sejam sinceros: é ou não é uma premissa muito boa para uma história de bruxos? É genial. Um mundo sendo dominado por uma sociedade cheia de regras absurdas, onde todos os que mandam são considerados os Únicos, como O Único que Julga, e até mesmo o líder, O Único que é o Único, que tem sua palavra como a verdade absoluta. Bruxos e Bruxas lutando contra esse ditador do mal. Uma profecia envolvida na história. Tinha tudo pra ser um ótimo livro. Mas, infelizmente, James Patterson e Gabrielle Charbonnet não souberam escrever essa história de uma forma empolgante, ou até mesmo envolvente.
A narrativa é feita em primeira pessoa, hora por Whit, ora por Witsy. Só que isso muda, basicamente, a cada duas páginas. E não vejo a menor necessidade de mudar o ponto de vista com tanta frequência, porque os irmãos passam 80% do livro juntos, e vivendo as mesmas experiências. Sem contar que você só sabe que mudou de irmão porque no início de cada capítulo - são 100 ao todo - eles dizem quem está narrando. Se não fosse por isso, você provavelmente não faria ideia de que mudou de irmão, uma vez que a personalidade dos dois é bem parecida. Na verdade, você pouco vê da personalidade dos personagens. A coisa mais marcante dos dois, que estão sempre em um estado de irritação pela situação em que se encontram, são as piadinhas e ironias que pontuam suas falas e pensamentos. As piadas da Wisty tem o mesmo tom que as piadas do Whit, então a necessidade de mudar tantas vezes de ponto de vista me parece bem desnecessária, pelo menos até chegar a parte final do livro em que cada irmão está em um lugar diferente.
Outra coisa que me incomodou, foram as tais piadinhas. Não sei se James Patterson realmente usou umas coisas bem sem graça ou se a tradutora não conseguiu achar um correspondente para o Português, mas posso te dizer que a maior parte delas não funcionou muito bem. Fez os personagens parecem adolescentes mimados e bem afetadinhos na maior parte do tempo. E não é porque você é adolescente que você precisa agir como um idiota.
Quando cheguei ao fim do livro, percebi que tinha umas frases de adolescentes indicando o livro, e foi só aí que percebi que, na verdade, Bruxos e Bruxas foi escrito para o público infanto-juvenil - o que, sinceramente, você não adivinha pela capa nem pela sinopse. A única explicação para esse estilo de narrativa completamente diferente de outros livros do Patterson que li foi essa: ele tentou escrever algo que se aproximasse mais do público que queria atingir, ou seja, dos adolescentes. Mas não funcionou. Numa história cheia de elementos a serem explorados, Patterson e Charbonnet acabaram escrevendo uma história muito rasa. A continuação de Bruxos e Bruxas, O Dom, vai chegar para o inspirados em breve. Decidi dar uma chance a mais pra série, porque talvez os autores tenham pegado um ritmo melhor e decidam explorar um pouco mais a história. Em breve vocês vão saber o que acontece com Whit e Wisty.
Mais uma dica interessante.
ResponderExcluirBju
Oi Larissa,
ResponderExcluirNossa....bem vim dizer que eu gostei de Bruxos e Bruxas depois que me acostumei com esses capítulos intercalados....e posso dizer que o li rapidamente e fiquei ansiosa pelo segundo volume. Agora se você não curtiu Bruxos e Bruxas, não devia dar uma outra chance a série, sinceramente se eu que gostei do primeiro. Não gostei do segundo, imagina você que nem do primeiro gostou. Aviso que é provável que você detone o próximo livro por aqui. Essa ideia do James ficar lançando livros com autores que não são conhecidos, creio que ele só empresta o nome.
Boa sorte com a leitura...mas se eu fosse você não leria tão logo....to até vendo sua revolta ao terminar o segundo volume.
Beijokas da blogueira elis que deseja que suas próximas leituras sejam ótimas.
http://amagiareal.blogspot.com.br/
Minha resenha de O Dom sai amanhã e não tem spoiler....se quiser dar uma olhada fica a vontade....concluo dizendo que respeito seu ponto de vista da história, mesmo que eu tenha aprovado Bruxos e Bruxas.
Não fiquei interessada nessa trama...
ResponderExcluirJá conheço a escrita do Patterson, mas de outro estilo literário.
Bjo!
Te espero lá no meu cantinho, =D
http://meuhobbyliterario.blogspot.com.br/