[Resenha] Nosferatu, de Joe Hill


      Depois que o maior escritor de livros do capiroto, Stephen King, ganhou a simpatia dos leitores, foi a vez da sua cria, Joe Hill, ganhar o público. Se A Estrada da Noite e O Pacto não conseguiu ganhar os amantes do terror, as chances de isso acontecer com Nosferatu acabaram de aumentar.  

      NOS4A2 (em inglês, a pronúncia é algo semelhante à Nosferatu) é o nome oficial da obra, publicado aqui no Brasil pela editora Arqueiro, e conta a história de Victoria McQueen, uma garota filha de pais complicados cujo relacionamento sempre foi nocivo pra pequena Vic. A menina, ainda criança, havia descoberto uma habilidade muito peculiar de encontrar coisas perdidas ou coisas que queria muito achar: ela pegava sua bicicleta, atravessava uma ponte velha de madeira no bosque e, quando terminava a travessia, chegava ao lugar onde fora esquecido o que procurava. 
      Enquanto isso, o terrível Charlie Manx abusava de sua estranha habilidade para exercer o macabro: com seu Rolls-Royce (apelidado de Nosferatu), ele era capaz de levar criancinhas para passear por um mundo terrível, por caminhos que terminavam na Terra do Natal. E, ao longo de sua "jornada" (mais do que macabra, diga-se de passagem), acabou encontrando o perturbado Bing Partridge, que com um pezinho na psicopatia e outro não sei aonde, fazia atrocidades em nome de Manx sem nem pestanejar, acreditando ser aquele um bom homem que levava as crianças para um mundo onde tudo era alegria - quando na verdade elas tinham suas vidas sugadas para assegurar a imortalidade de Charlie Manx. 
      Em um determinado momento, a Pirralha - assim era o apelido de Vic - vai cruzar o caminho de Manx, tudo porque um dia ela decidiu atravessar a ponte para encontrar encrenca. Olha que beleza, moça, a senhora encontrou! E depois disso, é melhor ficar atento, só pra não perder a contagem de sustos e de mortes que Nosferatu carrega em suas páginas.

      É um livro perturbado. Isso: acho que se eu pudesse resumir NOS4A2 em uma só palavra, eu diria "Perturbado". Em alguns momentos não é no melhor sentido, mas para os amantes do terror ao estilo classudo, e com uma pitada de insanidade pra poucos, é um prato cheio. 
      Escrito em terceira pessoa, os capítulos alternam entre a ótica de Vic e de Manx, sendo que há momentos em que acompanhamos o desequilibrado Bing tentando ganhar o amor de seu chefe. Os personagens recebem uma construção especial que eu vi poucas vezes por aí. Não existe o vilão 100% maldade, nem o mocinho - no caso, mocinha - modelo de vida. São cheios de falhas de caráter, e falhas verossímeis, e têm o que todos temos: inclinação para fazer o mal.
      Talvez esse seja um dos pontos mais perturbadores dessa obra: saber o que um homem seria capaz se tivesse poderes como esses. Não se trata apenas de uma história de terror, e sim um terror contado numa ficção. Cada personagem é tão bem construído que, depois de ler, você prefere não sair do quarto com medo de encontrar com algum deles pelo corredor. 
      Já o que me incomodou no livro é algo muito pessoal, pois a construção e a evolução da história são muito bem feitas, o pano de fundo é impecável e o final é surpreendente, mas alguns trechos ainda me incomodaram ao ponto de me fazer querer abrir mão da leitura em alguns momentos, e por isso não me sinto inclinado a recomendar a obra. Mas fique sabendo, se você já é um fã de King ou Hill, então Nosferatu vai cair muito bem nas suas próximas leituras. O terror está em cada página, e quem sabe não está te esperando?

      Tenham uma ótima leitura, fiquem na Paz (depois desse livro, é melhor que fiquem mesmo!)

1 inspirações:

  1. Caraca Pedro... Deu medinho só pelo que li por aqui, e a capa americana faz mais sentido "christmasland" a placa do carro e tal (e mais assustadora). Não conheço o autor nem o pai será uma boa começar com Nosferatu, que pela sinopse daria um filmaço!

    Abs

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Base feita por Adália Sá | Editado por Luara Cardoso | Não retire os créditos