[Leio, logo resenho...] - Orgulho e Preconceito sob a ótica de Marina Carvalho

Alô, amigos Inspirados!

     É com imenso prazer e que eu estreio a coluna "Leio, logo resenho", uma coluna mensal onde nossos autores vão contar a sua própria visão dos livros preferidos. Afinal de contas, quem escreve também lê e, quem lê, resenha! Quem vai falar hoje é a escritora Marina Carvalho, e... Bem, é melhor deixar que ela escreva, afinal, ela faz isso como ninguém! O espaço é todo seu, Marina!

Olá, leitores do blog Inspirados. Eu sou a Marina Carvalho, autora de “Simplesmente Ana” e “Ela é uma fera!”, livros publicados pela editora Novo Conceito. Ao receber o convite do Pedro para escrever uma resenha sobre meu livro favorito escrito pelo autor que mais aprecio, topei na hora, porque achei a ideia muito bacana. Depois fiquei pensando. E agora? Afinal, gosto de tanto escritor e de tantas obras que chega a ser injustiça escolher um e uma. Mas, ao analisar com a imparcialidade que o curso de jornalismo me ensinou a ter, concluí que eu poderia, sim, escolher, mediante o número de vezes que li “Orgulho e Preconceito”, da Jane Austen. Se ser dona de três edições da história – uma em inglês, só para constar – não mostra o quanto aprecio o livro, não sei que outro medidor poderia usar. J

Levando esse detalhe em consideração, emperrei em outra questão: como escrever sobre uma obra que eu tanto adoro sem ser muito melosa e piegas? Foi aí que me veio à cabeça uma solução: decidi traçar um paralelo entre “Orgulho e Preconceito” e “Senhora”, de José de Alencar. Por quê? Bom, deixem a resenha falar por si só.


O que uma obra de José de Alencar e outra de Jane Austen podem ter em comum? Para mim, Senhora e Orgulho e Preconceito têm tudo. Ambas são ambientadas no final do século XIX, descrevem a sociedade da época — burguesa, esnobe —, ainda que de locais bem diferentes: Rio de Janeiro e Inglaterra.

O núcleo das tramas circula em torno de um casal que passa boa parte da história trocando farpas e se odiando mutuamente. E o dinheiro — o excesso e a falta — acaba sendo o fio que, ao mesmo tempo, separa e une os personagens.

Jane Austen, por ser uma mulher à frente do seu tempo, emprestou à Lizzy Bennet um temperamento atípico para as moças daquele século. Ela é uma heroína ao avesso das mocinhas de outras histórias românticas, pois não vive a suspirar pelo príncipe encantado, não se preocupa com as aparências, é extremamente altruísta, sem falar da língua ferina, que não poupa ninguém, nem mesmo a insuportável, mas megarrespeitada, Lady Catherine.

Já José de Alencar, apesar de ser homem, conseguiu criar uma Aurélia Camargo muito particular em suas características e deu voz a uma personagem feminina de uma maneira não muito comum para 1875. Aurélia é teimosa — como Lizzy—, independente — idem—, voluntariosa — idem, idem (rs), e até inconsequente às vezes (mais idens).

Duas mulheres separadas por um oceano e duas culturas distintas, mas próximas nas atitudes e temperamentos.

Para mim, não existe cena melhor do que o choque de Fernando Seixas ao lhe ser revelada a verdade sobre o seu casamento com Aurélia. Assim como acontece com o irresistível Mr. Darcy, quando Lizzy recusa, na lata, o seu apaixonado pedido de casamento (corajosa ela, não?).

Aliás, muito da qualidade das duas obras se deve aos protagonistas masculinos de ambas: Fernando, charmoso, culto, mas um tanto sem personalidade (embora haja uma boa justificativa para isso — vou defendê-lo - rs); Mr. Darcy. Ah, Mr. Darcy! Prefiro nem comentar. Só digo que ainda está para nascer um "mocinho" como ele na literatura.

Bom, é isso. Dá para gostar de livros clássicos. É só se desarmar e deixar a história fluir. Brasileiros ou não, os clássicos não deixam nada a desejar se comparados com os livros atuais. É claro que tem a questão do vocabulário mais erudito, mas isso um bom persistente tira de letra.


Recomendo a leitura dos dois. E dou cinco estrelinhas para cada! Até porque as duas obras encabeçam minha lista de livros favoritos de todos os tempos.








Marina Carvalho é professora, jornalista e mãe. Passa os dias diante de um objeto plano e retangular, seja o quadro negro da escola onde trabalha ou a tela do computador. Escrever é uma de suas maiores alegrias. Sempre foi uma ávida leitora. Está sempre com um livro debaixo do braço e outro na cabeceira da cama: eles são seus companheiros de todas as horas. Quando criança devorava as revistinhas da Turma da Mônica. Formou-se em Jornalismo pela PUC-Minas e exerceu o cargo de assessora de comunicação. Hoje é professora de Língua Portuguesa e Literatura, não à toa, já que morre de amores pelas palavras. "Simplesmente Ana" é seu livro de estreia.




7 inspirações:

  1. Parabéns pela resenha Marina! Ainda não li Senhora, mas sou completamente apaixonada por Orgulho e Preconceito! É um dos meus livros favoritos! Beijo!

    www.newsnessa.com

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  2. Adoreeeeei essa ideia de convidar um autor. *.*
    Também amei Orgulho e preconceito e vira e mexe eu pego pra ler minhas partes preferidas. A resenha conseguiu expressar tudo que adoro no livro: o "mocinho" Darcy (as românticas ainda conseguem chamá-lo de mocinho haha) e Lizzy sou-a-frente-do-meu-tempo-toda-abusada.
    Legal ela ter comparado com Senhora (nunca li. shame on me), fiquei com vontade de ler.

    beijos

    Beatriz - www.livredujour.wordpress.com

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  3. Bela ideia Pedro, e bela resenha Marina, nunca havia cogitado essa semelhança entre as obras da Jane e do José, e realmente vendo o seu ponto de vista da resenha tem muita coisa a ver, a principal sem sombra de dúvidas é, a mulher que mesmo em tempos tão medievais se ver com pensamentos modernos, formas de pensar únicas, próprias, adorei demais a resenha. Até mais. http://realidadecaotica.blogspot.com.br/

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  4. Oi Pedro,
    então..
    Tambem peço desculpas pelo sumiço! Estou com a rotina meega corrida e apertada!
    Adorei essa ideia que você fez nesse post. A Marina parece ser mega talentosa percebi um carinho especial seu com ela e dela com o blog! Acho isso o máximo! :)
    Marina, eu quero muito ler esse livro e depois de sua resenha, linda por sinal, quero ler urgente! rs

    Abraação aí Pedro!! :D
    http://geracaoleiturapontocom.blogspot.com.br/

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  5. Oi Pedro! Que ótima coluna, amei :)
    Qtos ao livros só Senhora e meu concordo com tudo que a Marina falou, sou apaixonada pelo livro, porém faz tempooo que li e não lembro muito bem da história.
    Já Orgulho e Preconceito não li ainda, mais pretendo ler ano que vem, onde eu vou começar a ler clássicos.
    Beijos
    Brubs

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  6. Gostaria de agradecer ao Pedro pelo convite. Adorei inaugurar a coluna do blog Inspirados! Obrigada também a todos que comentaram elogiando a resenha.
    Beijão!
    Marina Carvalho

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  7. Oi, Pedro e Marina,
    eu simplesmente amei a postagem, também sempre defendi o Fernando,rs, é que gosto muito do Romantismo e amo os dois livros, mas claro, Fernando é um banana perto de Mr. Darcy, já Aurélia e Lizzy me parecem duas mulheres bem a frente do seu tempo. Muito bom mesmo seu texto sobre as duas obras.

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