[Resenha] Dançando Sobre Cacos de Vidro - Ka Hancock

Quando pedi esse livro, sabia que era um  drama. Mas só sabia isso. Uma amiga minha comentou sobre o quanto esse livro era lindo e, pelos comentários dela, eu senti que precisava ler. Assim, nem mesmo li a sinopse antes de pedi-lo para nossa parceira Arqueiro. E quando ele finalmente chegou pude finalmente querer saber a história e ler a sinopse. A primeira coisa que pensei foi: vou desidratar de tanto chorar com essa premissa. A segunda foi: se essa autora souber escrever, esse vai ser um dos livros que vão marcar a minha vida. E, para minha alegria, ele realmente foi um dos livros mais marcantes e bonitos que tive o prazer de ler.



Título: Dançando Sobre Cacos de VidroAutora: Ka HancockEditora: Arqueiro

Dançando Sobre Cacos de Vidro conta a história de Lucy e Mickey. Seria uma história de amor bonita, e um tanto quanto incrível, considerando o amor e a dedicação que eles tem um pelo outro. Mas essa relação atinge um nível muito mais profundo quando descobrimos o contexto em que eles dois se conhecem e como eles decidem ficar juntos. Acontece que Mickey tem transtorno bipolar e Lucy tem um vasto histórico de câncer de mama em sua familia. Uma receita para o desastre, não fosse o fato deles dois se amarem tanto que decidiram aceitar e se adaptar a suas realidades para conseguirem ficar juntos. Pode não ter sido sempre fácil, mas tem valido a pena.
E fazem onze anos que, contra tudo que as pessoas podiam acreditar, Mickey e Lucy estão casados e felizes. Eles fizeram promessas um para o outro na tentativa de manterem sua relação, e tem cumprido todas essas promessas desde então. E, com um bom equilibrio e amor incondicional, os dois conseguiram superar seus medos e seus problemas em prol de sua relação.
Os dois concordam em muitas coisas, e por isso foram construindo, no dia a dia, um tipo de manual onde colocavam as coisas que nunca deveriam fazer. Mickey nunca deveria trair Lucy, Lucy nunca deveria culpar Mickey por sua doença... Pequenas coisas que os ajudavam a manter sua relação em um terreno relativamente firme. Quando Lucy teve câncer alguns abos antes, os dois concordaram que não deveriam ter filhos: além do fato de seus genes serem ruins por si mesmos, quem diria unindo o dos dois, ainda existia a chance de Lucy morrer e de Mickey não se sentir seguro de criar a criança. E eles levaram essa regra ao pé da letra até descobrirem que Lucy estava grávida.
Passado o desespero e a insegurança iniciais, os dois começam a imaginar que, juntos, podem superar tudo. Mickey tem certeza de que sua vida só era boa porque tinha Lucy, portanto, enquanto estiver com ela, sua vida nunca será difícil. Ela é seu ar, sua sanidade e seu motivo para se manter vivo, mesmo quando seus demônios dizem o contrario. Lucy sabe que nunca amaria alguém mas do que ama Mickey. Ela não poderia imaginar uma vida melhor, mesmo que as pessoas não entendam como ela suporta seu marido maravilhoso mas instável.
Aquela era a vida deles, afinal de contas. Juntos, decidiram levar a gravidez a frente e, aos poucos, foram descobrindo como o coração poderia ter mais espaço para alguém tão essencial. E tudo parece maravilhoso até que uma notícia devastadora os deixa sem opções favoraveis em nenhum ângulo que se poderia analisar.
Ka Hancock atingiu um nível de sensibilidade na escrita muito alto, sabendo conduzir sua história muito bem. Considerando que a premissa da história tem drama o bastante para sair dos trilhos e virar um dramalhão mexicano de mal gosto, podemos dizer que a autora soube muito bem dosar o drama e a tristeza com momentos felizes, criando assim uma história perfeitamente possível e real repleta de carinho e cumplicidade.
A forma que a autora descreve os sentimentos dos personagens é sensacional. O leitor consegue entender os sentimentos, pensamentos e ideias de cada um, mesmo que a história seja narrada por um personagem específico. Por alternar os dias atuais com lembranças do passado de Mickey e Lucy, o livro acaba sendo um grande oceano onde o leitor esbarra com a paz, com tempestades e com a calmaria que as procedem.
O fim da história é daqueles que te fazem querer ser sócia de uma fábrica de lenços. Você vai chorar, mas vai entender cada milimetro dos motivos que levaram o final a ser como é. Pode doer, mas saber que aquele foi o melhor final para todos, dadas as circunstancias, faz com que as cicatrizes sejam menores e a dor passe mais rápido.
É uma linda história de amor e superação, de conpanheirismo e de cumplicidade. De como a vida prega peças mas permite pequenos milagres todos os dias. E, principalmente, sobre como amar vale a pena, independente do cenário que o cerca.

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Base feita por Adália Sá | Editado por Luara Cardoso | Não retire os créditos