Estamos aqui mais uma vez... Nesse silêncio sepulcral... Nesse mausoléu com cheiro de morte e repleto de sombras vivas... Estamos aqui para falar sobre uma história que poderia deixar o homem mais corajoso a pensar, com suas calças urinadas em um canto da sala... Sim, leitores... Uma história de terror...
Ok, não é tão terror assim. Não chega a ser um "'bú', pronto, perdi meus culhões", nada disso. Mas, sim, a atmosfera desse livro é capaz de provocar um arrepio e certa hesitação quanto à criatura que mais mete medo: o próprio homem.
Vamos entender isso melhor.
Título: O Médico e o Monstro
Autor: Robert Louis Stevenson
Editora: Martin Claret
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Apresentação pelo Blog Inspirados:
Imagine um homem íntegro, cheio de boa intenções e cercado de bons e sinceros amigos. Imagine agora outro homem, vil, cruel, vivendo à flor da pele os seus instintos mais cruéis e pecaminosos. E se alguém te contasse que ambos são a mesma pessoa? Você acreditaria? Acharia possível?
A extraordinária história do famoso personagem Dr. Jekyll toma forma nessa edição incrível da Martin Claret. A coletânea conta com 3 histórias, os clássicos do terror. Mas hoje vamos falar sobre O Médico e o Monstro, e como a natureza humana pode se mostrar mais terrível do que sequer podemos imaginar.
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Resenha: Utterson era um sujeito tranquilo, de respeito, além de um competente advogado. Sua integridade era notória e seus hábitos, louváveis. Mas era, como qualquer um, movido por curiosidades. E uma das que mais lhe incomodava era o testamento de seu cliente e amigo, Dr. Henry Jekyll.
Havia um tal Sr. Hyde na vida do médico, um sujeito que, estranhamente, era herdeiro de Jekyll, ainda que não tivessem nenhum parentesco, ainda que Utterson jamais tivesse visto o amigo acompanhado desse tal Hyde. E o advogado ouvira bastante sobre esse misterioso homem.
"Não era bem um homem: parecia uma encarnação de algum demônio terrível."
Capítulo 1, página 175
Os relatos das atrocidades provocadas pelo Sr. Hyde parecia aumentar. A princípio, uma crueldade "leve", a ponto de escandalizar um grupo de pessoas, mas não o suficiente para torná-lo perigoso aos olhos da cidade. No entanto, suas atitudes tornavam-se cada vez mais sádicas, como se um monstro sem moral e limite aflorasse noite após noite, provocando dor e crime sem nenhum resquício de remorso na manhã seguinte.
Utterson ficava cada vez mais curioso a respeito dessa estranha relação entre o médico e um desconhecido com má fama. Havia algo naquela história que o incomodava e, seguindo seus instintos, decidiu que era hora de descobrir. E era nas respostas que o terror se abrigava, longe da luz e de qualquer bondade que o coração humano pudesse sentir.
Dr. Jekyll era, na verdade, o próprio Dr. Hyde. A história em si é famosa, quando as pessoas usam a expressão "médico e monstro" ao se referir a alguém de personalidade dupla, uma boazinha e outra horrenda. Hyde era o monstro.
Utterson, no entanto, precisava chegar a essa informação por conta própria e, ao receber Poole, o criado do seu amigo, pôde perceber que a situação estava cada vez pior. Ao que parecia, ninguém na casa de Jekyll queria aproximar-se do patrão.
"- Agora caminhe o mais silenciosamente possível - disse Poole - é necessário que o senhor ouça sem, contudo, ser pressentido. E, se ele o convidar a entrar, não o faça, em absoluto."
Capítulo 8, Página 197
Utterson, depois de muita dificuldade, obteve documentos que resolveriam todo o mistério.
Dr. Hery Jekyll desenvolvera uma droga capaz de transformar um homem, literalmente. Não apenas sua personalidade, como seu próprio corpo sofria drásticas mudanças. A transformação era dolorosa, mas ao fim dela, a sensação era libertadora. A nova personalidade era desprovida de moral, de senso ou limite. Era capaz de fazer tudo o que queria, até mesmo sentir prazer em causar sofrimento.
A princípio, segundo o diário de Jekyll, o experimento era maravilhoso. Durante a noite, transformava-se em Hyde e vivia uma vida sem barreiras ou peso de consciência. Era apenas ele e suas vontades. Mas o controle de uso da droga fora negligenciado. Logo, Hyde tornou-se a mente dominante e, para manter viva a aparência e sanidade de Jekyll, era preciso tomar os remédios. O médico fora substituído pelo monstro e, para mantê-lo latente, a droga era, agora, uma necessidade.
O fim, como toda história de terror, não tem um final feliz, mas é de longe um fim trágico. Acho que podemos dizer que a história termina com um grande nevoeiro e sombras ao pé da escada, e ninguém nunca saberá o que há por trás disso.
A história é incrível! Stevenson cria uma atmosfera brilhante e atemorizante. O medo provocado por esse livro não é do tipo "hey, vou olhar embaixo da cama antes de dormir". O medo real existe em Hyde. Literalmente, sentimos medo do monstro, quando ele pisoteia uma garotinha sem nenhum remorso ou mata um senhor a pauladas, sem nem hesitar ou lamentar.
A história me ganhou fácil. A narração é densa, não tão simples, mas seu ritmo é típico de histórias de terror classudas. Não espere sentir o medo sobrenatural, e sim o pavor do próprio homem e, talvez, medo de si mesmo, por não saber até onde você seria capaz de chegar se não fosse sua índole para limitar suas ações.
Espero que tenham gostado e, cá entre nós, não percam a chance de ler esse livro. Brilhante, original e reflexivo. Se gostaram da resenha, garanto que o livro é imensamente melhor. Super indicado!
É isso aí, galera! Fiquem na Paz!
Grande Abraço xD
HAHAHA racho de rir com suas entradas...heheheh
ResponderExcluirMas a resenha foi ótima. Parabéns mesmo. Um livro que aprofunda mesmo nesse contexto negro, mas traz sempre algo positivo.
abraços
Philip Rangel
Entrando numa Fria
Gostei da sua resenha!! Acho que você conseguiu entender e, por consequência, apreciar o livro melhor do que eu.
ResponderExcluirRealmente, o tipo de terror é diferente daquele conceito que estamos mais acostumados. Adorei a palavra "classudo", rs. E #rialto no "'bú', pronto, perdi meus culhões" da introdução, hahaha!!!
Parabéns, o texto ficou ótimo!
beijão!
Olá Pedro, muito boa a resenha. Sempre tive vontade de ler "O Médico e o Monstro" mesmo sem ter lido a sinopse do livro, e confesso que não sabia que se tratava de um enredo sobre dupla personalidade. Agora fiquei mais interessada!
ResponderExcluirBeijos,
Equipe TriBooks, Roh Dover
http://tribooks.blogspot.com
Opa, muito boa a resenha, impressionado com o texto.
ResponderExcluirO livro segue um padrão de Dexter, um dos meus seriais killers mais queridos, digamos assim.
Dr. Hyde é meu tipo de personagem e nesse livro está muito bem colocado.
Aparece...
Grande abraço
satierff.blogspot.com
Caraca Pedro eu estava ansiosa para saber o que você achou do livro, e cara eu adoro fins trágicos (nossa, que mórbido) . Morri de rir com o começo...rs
ResponderExcluirbjos
Se a resenha já foi de tirar o fôlego, imagina o livro!
ResponderExcluirGostei bastante, Pedro! Detalhou bem a obra e provocou curiosidade...
Fora que um livro sobre a duplicidade do homem deve ser bem interessante... Entrou pra minha lista! :)
Beijoo
P.S.: Não perde a chance de fazer piada, né?? rsrs
Oi Pedro!
ResponderExcluirGaroto, tu já pensou em ser comediante?
Não tem uma vez que eu leia algum artigo seu e não chore de rir com suas introduções rs
Sobre o livro eu nunca li, me parece mesmo ser denso. Esses dois lados do cara são sinistros rs
Espero ter a oportunidade de ler essa obra.
Bjs
Tati
Coração Literário
Hummm parece ser bom este livro \o/ Fiquei curiosa demais, vc detalhou a obra perfeitamente. Quero ler \o/ Ótima resenha...
ResponderExcluirBJkss
Ká Guimaraes
Resenha de tirar o fôlego, muito bem dito, Tullia. E de fazer rolar de rir porque eu só consegui passar para so parágrafos da resenha propriamente dita depois de ter feito uma pausa de 5 minutos só rindo. *-*
ResponderExcluirOk, Pedro. Quero ler os três! Quero esse livro, já! A Martin Claret arrasou na capa também... uau! Adorei.
Há muito tempo, há anos, nutro um profundo desejo de conhecer mais sobre os clássicos do terror. Mas, meu espírito donzela e romãntica acaba sempre falando mais alto (!!!). Sem dúvida estes três são a melhor indicação para quem está a procura de conhecer mais essa essência "assustadora" do ser humano.
Beijocas,
Lu
www.equinocioaprimavera.blogspot.com
Nossa de mais seu post. Se não estiver enganada há um filme. O medico e o mostro. Mas nada supera uma obra impressa não é? Nada detalha tão bem uma trama como um livro. Adorei seu post. Beijos
ResponderExcluirHey!
ResponderExcluirJá li esse livro e curti bastante; gosto de narrativas nesse gênero, com algo de sobrenatural.
Vontade de reler!
Epa que resenha boa foi essa Pedro? Amei hein, to gostando de ver o Inspirados com a bola toda, parabéns meu lindo! Que você só tenha a crescer nesse mundo literário, estarei torcendo por você :D
ResponderExcluirBeijão da Kate-Kate!
A resenha ficou ótima, maaaaaas eu não gosto desses livros que te deixam meio apavorado depois, rs
ResponderExcluirAgora vamos combinar, a Martin Claret está arrebentando nas capas hein?
Beijos
Leitora Incomum
Oi Pedro, gostei muito da resenha! Seus quotes, também estão na medida para deixar no ar aquela curiosidade na imaginação do leitor! Ainda não li nenhum desses títulos, mas fiquei super curiosa para ler: O Médico e o Monstro. Parece ser uma leitura densa e madura. Espero poder ler em breve!
ResponderExcluirFiquei encantada com a capa da Martin Claret, achei muito linda e sem dúvida alguma tem tudo a ver com os títulos do livro!!
Parabéns pela resenha, está bem formulada e com bastante substância, adorei!
até mais!
Prólogo da Leitura
parabéns pela resenha otima
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