[Inspirações Clássicas] - O Primo Basílio



Deixa eu dizer que te amo, deixa eu pensar em você... Isso me acalma, me acolhe a alma, isso me ajuda a viver!


          Não, eu não confundi a minha coluna do inspirados com o perfil do meu namorado e tô me declarando aqui. haha. O nosso post de hoje começa com essa música, e quem me disser que nunca ouviu Amor I Love You estará mentindo. Originalmente gravada por Marisa Monte, a canção é o hino das pessoas apaixonadas; a bandeira daqueles que amam; resume todos os sentimentos referentes a um amor, em perfeita definição do estado de quem tem tais sensações. Certo?

          Errado.

          Ao prestar atenção à letra, percebemos que o amor narrado ali é platônico e, portanto, unilateral. O trecho com o qual abri o post é claramente uma súplica. É quase "por favor, deixa eu te amar", como se a outra pessoa recusasse-se com vigor a aceitar aqueles sentimentos tão nobres que o eu-lírico da música dedica a ela. A informação se confirma em "Hoje eu contei pras paredes coisas do meu coração". Como o objeto de seu amor não quer saber de nada daquilo, o eu-lírico foi obrigado a abrir seu coração pras... paredes.

          Bom, mas vocês não devem estar entendendo onde diabos eu estou querendo chegar com uma análise musical quando o meu trabalho aqui é resenhar livros clássicos. Simples, muito simples. O trecho proclamado logo após o refrão por Arnaldo Antunes  "Tinha suspirado... tinha beijado o papel devotadamente. Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades, e o seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido. Sentia um acréscimo de estima por si mesma, e parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante, onde cada hora tinha o seu encanto diferente... Cada passo conduzia a um êxtase... E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações" foi extraído do nosso livro de hoje.


Livro - Primo Basílio, O - Livro de Bolso


Título: O primo Basílio
Autor: Eça de Queiróz
Editora: Best Bolso
490 páginas






          Publicado em 1878 “O Primo Basílio” é um dos mais conhecidos e importantes romances do escritor português Eça de Queiroz. Ele foi escrito em Portugal, numa época de forte tendência realista na literatura. 

          O enredo gira em torno de Luísa, uma típica burguesa da Portugal do século XIX. Casada com Jorge, leva uma vida tranquila – passava o dia em casa, lendo romances e fazendo companhia ao seu marido quando ele está em casa, sem nunca se preocupar com serviços domésticos (era pra isso que ela tinha empregadas, afinal). A moça anseia por um amor arrebatador, igual aos que lia nos folhetins que a distraíam por horas a fio... E é então que seu primo – e ex noivo –, Basílio, volta ao país. Conveniente, pois Jorge estava viajando na época.

          O romance entre os dois é intenso e constante. Basílio e Luísa alugam uma casa em um lugar retirado, o recanto só dos dois, e entregam-se à paixão carnal. Luísa experimenta 'libertinagens' que só lera em livros – como quando bebe champanhe diretamente dos lábios do primo, ao invés de usar o copo – e sente-se cada vez mais envolvida.

          Ela e o primo trocam cartas de amor, e é aqui que nos encontramos com a música da introdução. O trechinho já citado é a reação de Luísa ao receber um bilhete vindo de Basílio. A moça derrete, se desfaz... As cartas prosseguem, firmes e fortes... E acabam caindo nas mãos de Juliana, uma das empregadas de Jorge e Luísa. Basílio foge em um instante – logo nem no país estava mais.

          A partir daí o romance se encaminha para o fim. Juliana usa as cartas para chantagear sua patroa, logrando êxito com seus planos de ter para si quase tudo o que Luísa tem – roupas, dinheiro, liberdade –, enquanto Luísa se afunda cada vez mais na dor, medo e angústia.

          Com um fim trágico, mas brilhante, O primo Basílio é uma obra regada à críticas sociais e um realismo cruel. É o tipo de narrativa que te segura na leitura – eu fiquei lendo até umas duas da manhã, acho. haha.

          Regressemos, então, à música... Diante do enredo do livro, de uma moça usada, enganada e abandonada, que é usado para proclamação no meio da canção, e da letra, digam a mim... Ainda acham que Amor I love you é um ode ao amor? Acho que não, hein? haha

          Então é isso, gente.

          Até a próxima! ~

          Jenny

3 inspirações:

  1. Oi!
    Haha Adorei o post! >.<
    Inicialmente, não estava entendendo o sentido da suposta resenha musical. Entretanto, após ter lido todo o post, fez todo sentido.
    Já li "O Primo Basílio" e gostei muito. Realmente é um realismo cruel e o autor "usou e abusou" de críticas sociais mesmo.
    Em suma, gostei de saber sua opinião e saber que gostou também, assim como eu.
    Abraço!

    "Palavras ao Vento..."
    www.leandro-de-lira.com

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  2. Mimimimi, eu nunca ouvi "Amor I Love You" u.u
    Deixando isso de lado. Ótimo post!
    Gosto de romances realistas e trágicos, mesmo que me deem raiva as vezes, haha. Mas é bom sair um pouco de Crepúsculo e 50 Tons.
    Gostei bastante da sua resenha e de saber sua opinião acerca da história. =DD

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  3. Jenny, adorei o fato de você ter começado a resenha citando a música...
    Atraiu a atenção e foi um diferencial e tanto!
    A resenha toda está muito boa! Parabéns!!
    Beijo!

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