Quem nunca odiou, nem que fosse um pouquinho só, o ensino fundamental, então provavelmente estava no ápice da cadeia alimentar estudantil. Para o jovem Rafa Katchadorian, a escola não era, nem de longe, um lugar divertido. Ele estava por baixo da pirâmide social, e decidiu que precisava fazer algo a respeito.
Rafa Katchadorian era um garoto muito criativo, coisa que vivia colocando nosso protagonista em problemas. Sua imaginação sempre foi utilizada em superdose, uma das características mais marcantes ao longo da leitura. Mas, nessa vez, ele se superou. Ao lado do amigo Leo, eles criaram um caderno com um esquema para se quebrar todas as regras da escola e receber pontos sempre que tivesse êxito. O problema é que, durante o processo, ele acaba se aproximando de uma das garotas mais lindas da escola, e de quebra arrumar problemas com o valentão do colégio. Além das costumeiras discussões com seu padastro e com sua irmazinha endiabrada, ele vai ter que lidar com a perseguição dos professores e do valentão, que está disposto a acabar com a alegria do Rafa. Sua ousadia vai longe e, sempre com Leo como parceiro, eles vão se meter em muitos problemas!
Pois é, pessoal, depois dessa introdução digna de um filme da Sessão da Tarde (xD), vamos falar um pouco mais sobre essa obra.
Escola, Os Piores Anos da Minha Vida é escrito em primeira pessoa, e temos a visão do Rafa para nos conduzir em sua aventura. O livro é infanto-juvenil, mas possui uma maturidade surpreendente, porque, apesar de ter esse aspecto todo infantil, Patterson abordou temas bastante reais que, em outro contexto, poderiam compor o gênero dramático e policial.

Um dos elementos mais interessantes criados nessa história foi o amigo Leo. Ele é bem mais do que um amigo que o acompanha no dia a dia, sua existência chega bem próxima ao fantástico, embora não seja essa a proposta do livro. Como a estória é pequena, não seria bacana dizer quem, de fato, é esse amigo, por isso vou deixar que descubram por vocês mesmos. Mas posso garantir que Leo é, provavelmente, a fonte de todos os eventos que ocorrem na vida do Rafa.
Os dramas familiares são, de longe, os momentos mais densos da história. São problemas reais, afinal, Rafa mora com a irmã, a mãe e o padastro, este não faz nada a não ser assistir à televisão e reclamar da forma como a mãe cria os filhos. Ela, por outro lado, passa a maior parte do seu tempo trabalhando em uma lanchonete e tentando lidar com as dificuldades que o Rafa causa na escola. A evolução desse relacionamento é surpreendente, com direito a viatura de polícia no desenrolar dos eventos. Pontos para os autores, que souberam elaborar um livro infantil que condiz com a realidade da nova geração. Afinal, em tempos onde garotos de dez anos lêem livros eróticos, é evidente que as nossas crianças possuem maturidade suficiente para lidar com alguns temas mais pesados, como violência familiar, bullying e questões psicológicas que acomentem as crianças de hoje.
Não consegui enxergar muitos pontos negativos, e a maior parte foram muito mais pessoais do que "técnicas". Por exemplo, o motivo pelo qual Rafa decidiu fazer isso, e a sua desconsideração pelo sofrimento da mãe em alguns momentos. Em determinado ponto, acreditei que ele fosse um garoto muito mais perturbado do que criativo demais, e talvez tenha isso essa a verdadeira intenção do autor por trás da estória infantil. Será que estou certo? =)
E, claro, não podia deixar de fora a incrível ilustração desse livro. Os desenhos representam a maneira como Rafa enxerga o mundo, e ainda traz um aspecto muito mais belo e envolvente no livro. Certamente, um livro mais do que recomendado. Embora pertença a um público mais jovem, todas as idades podem aprender com as reflexões de Rafa Katchadorian.
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Ilustrações como essa estão por todas as partes nesse livro, e complementam a narrativa de forma brilhante! |
E aí, amigos, o que acharam? Espero que gostem, e fiquem de olho porque o próximo post será uma promoção desse livro! Tenham uma excelente leitura!
Fiquem na Paz! xD